Todos os olhos têm se voltado ao cenário promissor da Bioeconomia no estado, segmento onde a matéria-prima encontrada nos biomas da região podem se tornar produtos e serviços. A criação de um público consumidor, além da estruturação de uma cadeia que inclui a comunidade local, pode resultar em oportunidades de negócios. Esta foi a perspectiva apresentada no painel “Made in Pantanal: Gerando riqueza com a biodiversidade do MS”, realizado na última sexta-feira (6), durante o EmpreendeFest – 1º Festival de Empreendedorismo do Sebrae.
No Bosque Expo, em Campo Grande, o painel mediado pelo conselheiro do Sebrae/MS, Ricardo Senna, também secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), trouxe a vivência de três empresários de diferentes nichos de Mato Grosso do Sul, que em comum, se encontraram na Bioeconomia: Daniel Comiran Dallasta, engenheiro agrônomo, produtor rural e apicultor, atualmente tesoureiro da Cofenal; Adriana Balzan, sócia proprietária da Suspiros da Fazenda, empresa de Coxim que através do programa Pró Pantanal, do Sebrae/MS, iniciou a produção com insumos do bioma e Hamilton de Menezes Fernandes, sócio proprietário da Dibonito Cachaça, negócio de Bonito focado na valorização da cultura regional, com práticas sustentáveis.
Durante o painel, as lideranças reforçaram a importância de um trabalho coletivo, seja por meio do associativismo ou redes empreendedoras, para a formação de uma cadeia com impactos no mercado local. Um exemplo é a Cofenal, hoje denominada Associação dos Apicultores Mel do Pantanal, entidade protetora da Indicação Geográfica (IG) do Mel do Pantanal. Segundo o tesoureiro, o apicultor Daniel Comiran Dallasta, o trabalho com o grupo fortalece principalmente o pequeno empreendedor. “A Associação dilui bastante os custos de obtenção do selo e cadastro no sistema do Mel do Pantanal. Então, tem bastante vantagem para o pequeno, que não quer arcar com aquela carga onerosa de montar um grande processo, vale à pena esse caminho da Associação e a Cofenal tem buscado isso ao máximo possível”, comentou Dallasta.
Além da formalização de uma entidade, outra forma para apoiar a cadeia ligada à Bioeconomia é a inclusão da comunidade local nos processos, seja como fornecedora ou mão de obra, por exemplo. “A gente busca outras formas de produzir que envolvam a comunidade local, tanto comprando a comida deles, quanto fazendo eles participarem do processo. Com isso, começamos a ter uma economia mais circular. A gente consegue aumentar isso em uma escala muito grande, tanto que já estamos conversando dentro do Sebrae para ter um arranjo produtivo local para a cana, para fazer com que outros empresários consigam produzir a rapadura, o melaço, trazendo-os para o mercado todo. A gente consegue ir fechando uma cadeia, ampliando muito mais para a sociedade”, destaca Hamilton de Menezes Fernandes, da Dibonito Cachaça.
Outro tópico pontuado pelos debatedores foi a necessidade de valorização e divulgação dos produtos da biodiversidade local. Em consonância a isso, o Sebrae/MS, por meio do programa Pró Pantanal, possui desde o ano passado o selo Made in Pantanal, que atualmente conta com uma plataforma específica e que dá visibilidade aos empresários com produtos que utilizam insumos pantaneiros ou que foram feitos no bioma.
Oportunidades e desafios
Segundo o conselheiro do Sebrae/MS e secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc, Ricardo Senna, as micro e pequenas empresas possuem oportunidades com a Bioeconomia. “Boa parte da economia nos municípios do interior é movimentada por pequenos negócios: é a loja de roupas e a padaria, por exemplo. Nesse sentido, queremos estimular a produção do pequeno negócio, em especial, aproveitando produtos que valorizem a riqueza do nosso Pantanal, da nossa biodiversidade. Se a gente puder aproveitar esses biomas, os produtos que eles oferecem para a gente transformar em negócios de riqueza, esse é o caminho, e é isso que o Sebrae vem fazendo e que o Governo do Estado quer continuar apoiando”, disse.
Um dos desafios para avançar no fomento à Bioeconomia, enquanto mercado, é conectar o segmento com a pesquisa acadêmica. “Temos a pesquisa acadêmica, que está trabalhando muito fortemente na descoberta de novos produtos e usos para aquilo que a gente já tem. Tem várias boas experiências na academia. Acho que o grande desafio que nós temos é agora transformar essa pesquisa em produto. Nós precisamos conectar a pesquisa científica, o resultado das pesquisas com empresas. E, dessa forma, poderemos de fato transformar esses nossos ativos naturais em riqueza, em nota fiscal”, complementa Senna.
EmpreendeFest 2023
Na visão do público presente no painel realizado no EmpreendeFest, e dos debateres, discussões como essas são fundamentais para mostrar a relevância dos produtos locais, e como o Pantanal pode ser uma oportunidade de negócios. “Esse tipo de conversa mostra para o pequeno empresário que é possível ter um olhar diferente para o que ele tem, começa a gerar uma valorização local, dá uma visibilidade para a pequena empresa, além de trazer uma inovação para quem está começando e uma inspiração para as pessoas continuarem. Esses momentos que o Sebrae tem gerado, faz com que o empresário se veja com um olhar que ele não tinha e faz desenvolver o estado, que é muito importante”, finaliza Hamilton de Menezes Fernandes.
Além da programação voltada à Bioeconomia, o EmpreendeFest 2023 contou com palestras magnas com grandes nomes do mercado, mais de dez painéis com temas como inovação e empreendedorismo, mais de 80 expositores, entre outros. Mais informações sobre o Sebrae/MS podem ser obtidas pelo número 0800 570 0800 ou por meio da Agência Sebrae de Notícias.