ASN MS Atualização
Compartilhe

Ciclo Etnias: Roteiro ciclístico valoriza a cultura de comunidades indígenas e quilombolas de Nioaque

Desenvolvido por meio do programa Cidade Empreendedora, trajeto surge como nova opção de turismo de base comunitária em Mato Grosso do Sul
Por Assessoria de Imprensa do Sebrae/MS
ASN MS Atualização
Compartilhe

A apresentação de danças típicas, peças artesanais e produtos feitos nas comunidades, como o mel, permitiram a um grupo de ciclistas vivenciar um pouco da cultura indígena e quilombola presente em Nioaque. A experiência foi proporcionada pelo Ciclo Etnias – uma rota turística inovadora estruturada de forma conjunta no município por meio do programa Cidade Empreendedora, executado pelo Sebrae/MS em parceria com a Prefeitura Municipal, com o apoio do Governo do Estado, através da Secretaria de Cidadania.

Composto por 23 quilômetros, o percurso ciclístico foi feito, pela primeira vez, nesse sábado (20), como um projeto piloto para consolidar o roteiro de etnoturismo e, no futuro, poder disponibilizá-lo para quem quiser se aventurar e conhecer a riqueza da sabedoria ancestral dos povos originários. O trajeto começa no centro de Nioaque e percorre as quatro aldeias indígenas presentes no município – Água Branca, Cabeceira, Taboquinha, e Brejão – além da Comunidade Quilombola Araújo e Ribeiro e a Escola Angelina Vicente.

Apresentações culturais, como a dança do Bate Pau, típica da etnia Terena, foi apresentada ao público.

Durante a parada em cada local, há apresentações culturais, contação de histórias e exposição do artesanato produzido para comercialização. De acordo com o analista-técnico do Sebrae/MS, Alex Schmidt, identificar esse potencial turístico como ferramenta para a preservação da cultura das comunidades e oportunidade de geração de renda foi possível com a chegada do programa Cidade Empreendedora em Nioaque, em 2022.

“O Cidade Empreendedora faz um levantamento das potencialidades da região, para que seja possível utilizá-las na promoção do desenvolvimento. A gente viu que aqui tinha uma grande riqueza cultural e fizemos uma oficina de inovação com as lideranças das comunidades e o poder público para elaborar um modelo de negócio voltado a exploração das trilhas e focado no turismo de base comunitária, e isso resultou no Ciclo Etnias. É um roteiro que vai atrair turistas para cá e, mais do que dar visibilidade para a cultura, também vai gerar renda para as comunidades e permitir que as pessoas continuem vivendo aqui”, destacou Schmidt.

Ciclistas percorreram um trajeto de 23 quilômetros passando pelas comunidades indígenas e quilombolas.

O secretário municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer de Nioaque, Jefferson Campos Zakimi, ressaltou a importância do envolvimento das comunidades para a estruturação do roteiro turístico e enfatizou o apoio do município para a divulgação e consolidação do trajeto. “Realizamos o piloto do Ciclo Etnias, na semana em que é celebrado o Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril. Tenho certeza de que ele vai entrar para o calendário de eventos da cidade em homenagem à data como forma de promovermos ainda mais essa ação. A gente fica muito feliz, pois as comunidades são muito receptivas e unidas, e nada melhor do que as pessoas vivenciarem a cultura destes povos para verem a riqueza cultural e o potencial da região”, salientou o secretário.

Valorização cultural e geração de renda

Para receber os ciclistas, as comunidades prepararam apresentações culturais, contação de histórias e exposição de artesanato típico das etnias Terena, Atikum e Kinikinau. As danças Terena do Putu-Putu e do Bate Pau, e a dança do Toré, da etinia Atikum, também se fizeram presentes, bem como a pintura corporal tradicional com tinta de jenipapo.

Além de aproximar, o público da cultura e saberes ancestrais, o Ciclo Etnias também traz visibilidade para as produções locais, gerando renda a partir de novas oportunidades de negócio. Na região de Nioaque, as atividades econômicas das comunidades quilombola e indígena são predominantemente artesanato e a agricultura familiar, nas áreas de apicultura e agroextrativismo.

Comunidades se prepararam para receber os participantes do passeio ciclístico.

Segundo Claudionor do Carmo Miranda, da etnia Terena e presidente do Conselho Tribal e da Associação de Produtores Indígenas da Aldeia Água Branca, a promoção do etnoturismo na região estimula protagonismo das comunidades na manutenção da própria cultura e é fundamental para aumentar a autoestima dos povos originários.

“O Ciclo Etnias e o Sebrae vieram trazer para nós um resgate muito importante, que é o da cultura da terra indígena de Nioaque em uma grande demonstração da harmonia da convivência aqui na cidade entre o povo indígena com o povo não indígena, demonstrando que é possível viver em paz e em harmonia mantendo o que é importante para nós dentro da comunidade”, salientou o líder.

Para o representante da Comunidade quilombola Araújo e Ribeiro, Lúzio da Silva Ribeiro, mais do que trazer visibilidade para a região, o trabalho desenvolvido é uma forma inovadora de integrar as comunidades em prol de um crescimento conjunto. “O Sebrae é um grande parceiro e esse projeto foi uma virada de chave dentro do município, um ‘divisor de águas’, porque até então ele trabalhava com comércio local, e de repente a gente conseguiu trabalhar com as comunidades tradicionais fazendo esse intercâmbio e trazendo esse novo modelo de turismo com a possibilidade de mostrar nossa cultura. A gente fica muito feliz de estar recebendo esse projeto aqui na nossa comunidade”, relatou.

Ação possibilitou a integração e a troca de experiências entre indígenas e participantes.

Quem pode participar do Ciclo Etnias, como a ciclista Dagmar Knapp, relatou que a experiência serviu para ampliar a percepção que ela tinha em relação às etnias. “Resolvi fazer esse passeio para conhecer a cultura de outros povos e me integrar mais ao ambiente. Foi muito bom, pois pude saber mais sobre as populações e esses locais maravilhosos aqui em Nioaque”, expôs.

Depois do percurso piloto, o trabalho será continuado para formatar a rota de forma que ela possa ser comercializada como uma como nova opção de turismo de base comunitária em Mato Grosso do Sul. Nesse período, as comunidades continuam a ser acompanhadas pelo Sebrae/MS, com capacitações para que possam receber os visitantes e oferecer o roteiro de forma sustentável ao longo prazo, com a gestão dos recursos naturais e mantendo um equilíbrio entre o número de turistas e a capacidade da região.

Mais informações sobre o Cidade Empreendedora podem ser obtidas por meio do número 0800 570 0800 ou pelo site cidadeempreendedora.ms.sebrae.com.br.