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Moradores de comunidade em Miranda descobrem no corte e costura oportunidade de negócio

Por meio do Pró Pantanal, e com parcerias, grupo aprendeu técnicas para produzir e desenvolver produtos personalizados
Por Rodolfo César
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Por meio do Pró Pantanal, e com parcerias, grupo aprendeu técnicas para produzir e desenvolver produtos personalizados

Até início de 2022, Gilmar Pereira Oriozola, Marinalva Oriozola Barbosa Samuel, Edileusa Amorim Machado da Silva e Francisca Oriozola Barbosa, que vivem na comunidade do Salobra, às margens da BR-262, perto de Miranda, pouco sabiam sobre costura e também não conheciam muitas técnicas com relação a elaboração de produtos e abordagem para vendas. Essa realidade foi transformada aos poucos e agora neste segundo semestre esses empreendedores não só se capacitaram para costurar, como conseguiram criar, inicialmente, três produtos diferentes e já deram início às vendas, pelo Whatsapp é possível fazer pedidos.

Para saírem do zero e conseguirem estruturar-se para começar um negócio voltado para atender turistas que visitam a região pantaneira, os quatro empreendedores tiveram auxílio do Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal, iniciativa do Sebrae.

Por meio de parcerias construídas a partir do programa foi possível realizar todo o planejamento. O Sistema Famasul, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), deu suporte com oficina de corte e costura. Gilmar, Marinalva, Edileusa e Francisca participaram da capacitação em abril. Logo depois, deram início à etapa de desenvolvimento de produtos e montaram estratégias, a partir de consultorias fornecidas pelo Sebrae, para criar algo que tivesse uma assinatura local e pudesse agregar valor.

Como foi preciso montar uma base de linha de produção para garantir qualidade e possibilitar produção que pudesse atender a uma demanda que ia surgir, cada integrante passou a se especializar em alguns serviços. Mesmo assim, todos precisam saber o processo como um todo para possibilitar que o serviço seja feito em conjunto. Nessa esteira, por exemplo, quem é responsável pelo controle de qualidade é Gilmar, que pode fazer correções quando necessário. Enquanto isso, as demais integrantes seguem com outras etapas.

comunidade salobra miranda
Sapicuá produzido por grupo da Associação dos Moradores do Salobra, em Miranda

“A gente trabalha de forma a cada um se ajudar e vamos seguindo. Aos poucos, vamos aprendendo e damos mais passos. Ficamos muito felizes que tivemos uma primeira venda logo no começo da produção. Esse dinheiro já permitiu que a gente pudesse comprar uma máquina e estamos pagando aos poucos”, detalha Marinalva Oriozola Barbosa Samuel, que além de ser parte da equipe ainda ocupa a vice-presidência da associação local.

O primeiro lote de produtos vendidos envolveu 40 sapicuás e 100 porta-guardanapos. A negociação foi feita com o restaurante Pioneiros, que fica também às margens da BR-262, a 28 km de Miranda, no km 504. O estabelecimento tem como especialidade a comida pantaneira e oferta para turistas uma noite gastronômica, que além de pratos com sabor do Pantanal ainda tem apresentações culturais.

“Usamos os porta-guardanapos em um dos nossos eventos e chamou a atenção das pessoas. Entendemos que esses produtos que podemos oferecer aqui da comunidade tem um significado cultural muito grande. Teve gente que perguntou onde podia encontrar. É um negócio para eles e para gente. Ainda temos a venda de sapicuás”, conta a empresária Cristina Moreira da Rocha Bastos. No espaço que ela montou há o restaurante, uma pousada, uma agência e o shopping de artesanatos. O empreendimento está localizado na porta de entrada do Pantanal, distante 250 km de Corumbá, por exemplo.

O grupo da comunidade está procurando posicionar-se no mercado para poder fornecer tanto para o atacado, como ocorreu com a venda para o Pioneiros, como no varejo, diretamente para turistas que visitam a região do Salobra, que atrai visitantes por conta do rio Miranda. “Nós já fizemos sapicuás tamanho grande, mochila kids, bolsinha, mini-chapéus que enfeitam os porta-guardanapos. Estamos buscando nosso espaço e acreditamos em nosso potencial”, destaca Marinalva.

Criar bases

comunidade salobra miranda
Edileuza Amorim Machado da Silva faz parte de grupo de empreendedores no corte e costura na comunidade Salobra

Para dar apoio a esse negócio, ainda há um trabalho em desenvolvimento para aprimorar a governança dentro da Associação de Moradores do Salobra. Esse suporte está sendo dado por meio também do Pró Pantanal, a partir de consultoria. Por meio da entidade, os moradores conseguem obter estrutura para ampliar essa produção e fomentar outras ideias que podem surgir dentro da comunidade. Boa parte de quem vive na região dependia quase que exclusivamente da pesca ou precisava trabalhar fora. Criar condições de permanecer na localidade é uma forma de garantir renda e seguir próximo da família.

O grupo de quatro empreendedores está previsto para crescer ainda neste ano. Outras sete pessoas ficaram interessadas em entrar para o negócio e, por isso, um novo curso de artesanato de bordado ponto cruz está previsto para acontecer ao longo de quatro dias. “Queremos produzir mais, divulgar nossos produtos e vender”, sentencia Marinalva.

Diversificar as oportunidades

Dentro da comunidade do Salobra, há moradores que também se identificaram com a criação de abelhas. Por meio do Pró Pantanal, foram formados, inicialmente, oito criadores com dois cursos fornecidos pelo Senar. O escritório da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) em Miranda está envolvido nessa atividade para dar acompanhamento técnico tanto no manejo como na otimização da produção.

O projeto na Comunidade Salobra envolve a instalação de até 50 caixas para abelhas. Os moradores estão em processo de construção de 33 dessas unidades e com possibilidade para a produção começar neste ano, porém com colheita de mel mais provável para ser feita a partir da florada do próximo ano.

Sobre o Pró Pantanal

O Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal é uma iniciativa do Sebrae para fomentar atividades econômicas nos eixos do turismo, da economia criativa e do agronegócio existentes no Pantanal. O programa ainda tem apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS), Instituto do Meio Ambiente de MS (Imasul) e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).

Para obter mais informações sobre o programa Pró Pantanal e suas ações, fale com o Sebrae, pelo pelo número 0800 570 0800. Visite o site oficial do programa clicando aqui.

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