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Pró Pantanal alcança comunidades para recuperação econômica da região

“O pessoal passou a acreditar no próprio potencial”, conta moradora do Salobra, comunidade no município de Miranda que participa de ações dentro do Pró Pantanal, em execução pelo Sebrae/MS
Por Rodolfo César
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“O pessoal passou a acreditar no próprio potencial”, conta moradora do Salobra, comunidade no município de Miranda que participa de ações dentro do Pró Pantanal, em execução pelo Sebrae/MS

De quando nasceu até os dias atuais, Marinalva Oriozola Barbosa Samuel, 46 anos, só se viu fora da comunidade onde vive uma vez: quando a mãe dela precisou ir para o hospital para realizar o parto, em Miranda. Ela é moradora da Comunidade Salobra, que fica às margens da BR-262, considera-se “salobrense” e está presenciando uma transformação ocorrendo no local por conta da execução do Programa Pró Pantanal.

São cerca de 250 pessoas que vivem na comunidade, porém a população pode chegar a 800 aos finais de semana, por conta da pesca e áreas que promovem o turismo.

“O que ocorria antes é que a gente se sentia abandonado, parecia que nunca íamos conseguir avançar com nossas lutas. O que temos agora é o interesse de todo mundo. A gente sabe, agora, que temos voz. É um sentimento coletivo. Com o Sebrae, a gente está caminhando para essas mudanças”, detalha Marinalva, moradora tradicional da comunidade e vice-presidente da Associação dos Moradores de Salobra, que fica no município de Miranda.

Essa nova fase da comunidade, que envolve mudança econômica, estrutural e de cultura, está sendo promovida pelos próprios moradores, que estão participando do Pró Pantanal, iniciado em julho de 2021. O programa, formatado pelo Sebrae nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, atua para fomentar e apoiar ações específicas na recuperação econômica de regiões do bioma afetadas pelos incêndios. O Sebrae/MS atua diretamente para estimular a economia criativa, a economia da biodiversidade e os empreendimentos existentes.

Nesse eixo de abordagens, o Pró Pantanal deu seu início com atuação em três comunidades: a Salobra (Miranda), APA (Área de Proteção Ambiental) Baía Negra (Ladário) e com o grupo de moradores e empreendimentos turísticos no Passo do Lontra, que fica na Estrada Parque.

Comunidade do Passo do Lontra, município de Corumbá

O trabalho conduzido pelo Sebrae/MS desde julho de 2021 envolve atuar no fomento a medidas econômicas, que geram uma consequência na consciência de organização dentro dessas comunidades, a prática de medidas em sustentabilidade, reafirmação sobre o sentimento de pertencimento à região pantaneira e suporte para que os próprios moradores, além de pequenas empresas encontrem seu papel em ações afirmativas e de recuperação da economia local.

Esse conjunto de fatores em fase de implantação na Comunidade de Salobra, por exemplo, é que está capitaneando toda uma transformação para uma cultura empreendedora.

Com as medidas implantadas nesse período de menos de um ano no Salobra, dentro do Pró Pantanal, quem mora no local enxerga um novo horizonte. Essa construção envolve reuniões com moradores, apoio técnico, levantamento do potencial local na área do turismo e valorização da própria comunidade. “O pessoal aqui passou a acreditar no próprio potencial. Nas primeiras reuniões, eram 10 pessoas que iam. Agora, são 40 e todos querem saber o que se passa”, conta Marinalva.

Esse mesmo sentimento de recuperação da autoestima, que reflete para a execução de ações econômicas dentro da comunidade, é identificado na APA Baía Negra, conforme relato de quem está inserido na realidade local de 35 famílias. Nessa comunidade, UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), conselho da APA e empresária do setor de turismo local já desenvolvem atividades e o Pró Pantanal foi somar esforços.

Maria de Lourdes de Arruda divide 20 anos, dos seus 52 de vida, com essa região, que fica no município de Ladário, às margens do rio Paraguai de um lado e da MS-428 (Estrada da Codrasa) de outro. Ela pontua que barreiras enormes passaram a ficar menores com o acompanhamento que Pró Pantanal está fazendo, por meio do Sebrae/MS.

“Por lá, muitos não sabem ler e nem escrever. As pessoas são um pouco arredias, só que aos poucos a gente caminha para chegar mais longe. Para quem quer se levantar e ir para frente, o Sebrae está dando esse empurrão na gente. Estamos fazendo cursos desde o ano passado, estruturando o turismo para ganharmos dinheiro, aprendendo matemática para colocar na prática, nos negócios e a gente não sair perdendo”, aponta Maria de Lourdes, que assumiu a presidência da Associação das Mulheres Produtoras da APA Baía Negra, após o falecimento da então presidente e líder local, Júlia Gonzales, em janeiro deste ano.

Agora são 11 mulheres integrantes dessa associação, que puxam diferentes ações nessa comunidade. Entre medidas que já ocorreram estão a retirada de lixo que estava depositado na estrada de terra que dá acesso à APA. No total, 5 caminhões precisaram ser usados para a retirada desse material, com parceria da Fundação de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural de Ladário, Secretaria de Obras de Ladário e Prevfogo/Ibama.

Marinalva Barbosa Samuel, moradora da Comunidade Salobra, “O pessoal passou a acreditar no próprio potencial”

O Pró Pantanal também tem alcance na comunidade do Passo do Lontra, onde vivem cerca de 80 famílias e há empreendimentos ligados ao turismo, por estar dentro da Estrada Parque. Em menos de um ano de programa, entre as ações realizadas houve uma que envolveu 30 moradores, que puderam regularizar seus arrais, concedidos pela Marinha do Brasil, para poderem trabalhar com mais segurança no atendimento a turistas vindos do Brasil e do exterior.

Segundo o diretor-superintendente do Sebrae/MS, Claudio Mendonça, o Pró Pantanal busca alavancar as micro e pequenas empresas do território pantaneiro, garantindo emprego e renda.

“Juntos vamos criar e fomentar atividades econômicas e geração de riqueza, levando inovação e oportunidades de mercado para os pequenos negócios do Pantanal, além de iniciativas que estimulem o empreendedorismo nas comunidades da região, fortalecendo três principais segmentos: Agronegócio, Turismo e Economia Criativa”.

Empresas de turismo e a pecuária

Nesta primeira etapa do programa, projetos também alcançaram o setor de turismo completamente voltado para o Pantanal. São 11 empresas, vinculadas à Acert (Associação Corumbaense das Empresa de Turismo) e à Visit Pantanal, que desenvolvem ações práticas para adaptar o mindset de atuação para um mercado que tem a pandemia como um desafio a ser superado, acrescentado pelo registro dos incêndios.

Na pecuária, o Sebrae/MS apoia a certificação da carne para agregar valor e fortalecer a marca de um produto de qualidade exclusivo do Pantanal. O Governo do Estado ainda promove o incentivo fiscal para que os criadores se adequem aos protocolos.

Com alcance em vários eixos, o programa agora entra em nova fase, caminhando para o seu segundo ano de execução.

“O Pró Pantanal surgiu para atender uma necessidade de atuação com sustentabilidade dentro do bioma para contribuir com a recuperação econômica de pontos críticos que foram afetados pelos incêndios dos últimos anos, e ainda repercussão gerada pela pandemia, afetando principalmente o turismo. Moradores de comunidades, pescadores, trabalhadores em pousadas, criadores de gado, empresas, todos estão envolvidos nesse trabalho com o Sebrae”, explica a coordenadora do programa, a analista técnica do Sebrae/MS, Flávia Rosa dos Santos.

Reunião da equipe do Sebrae/MS com setor do turismo que atua no Pantanal

Sobre o Pró Pantanal

Para dinamizar a economia e estimular as micro e pequenas empresas localizadas no Bioma Pantanal, o Pró Pantanal busca identificar oportunidades inovadoras e de acesso aos mercados nacional e internacional, atuando em redes de transformação do ambiente de negócios e do território por meio da cooperação e fortalecimento da governança nas comunidades e instituições que atuam no bioma.

O objetivo final é elevar a competitividade e produtividade dos pequenos negócios do turismo, agronegócios e economia criativa com base na inovação e tecnologia. O programa também tem a parceria do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), contemplando o apoio à prevenção e combate a incêndios florestais, atuando em consonância aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

O Pró Pantanal está em desenvolvimento na região de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso desde 2021. Já foi realizado um mapeamento da situação de setores produtivos ao longo do bioma e novas fases agora entram em execução.

Para saber mais sobre o programa Pró Pantanal, ligue para 0800 570 0800.

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