Com apoio do Sebrae/MS, Selma e Ana Mirian aprenderam a organizar o setor administrativo, inovar no mercado e levaram suas peças artesanais para o Rally dos Sertões
As empresárias Selma Brito Beteto e Ana Mirian Martos Brito precisavam remodelar ações no negócio delas para incrementar vendas e criar novo posicionamento no mercado que atuam. Elas têm um ateliê para produção de vestuário em Rio Verde de Mato Grosso e ficaram por cerca de um ano avaliando alternativas que pudessem ajudar nesse rumo que queriam seguir. Apostaram em realizar uma releitura de tradições e depois de aprimorarem o produto da faixa pantaneira, estão construindo um novo horizonte no negócio.
Para conseguir posicionar a produção artesanal no mercado, as duas buscaram participar de ações com apoio do Sebrae/MS. A última foi durante o Rally dos Sertões, que passou por Campo Grande e Costa Rica nos dias 29 e 30 de agosto. Selma Brito, que trabalha diretamente na produção, desenvolveu com a equipe chapéus, sapicuás, pulseiras, chaveiros com a temática da competição, que completou 30 anos agora em 2022, e também mesclou a tudo isso as faixas pantaneiras. Essa foi a estratégia para tonar as peças únicas e cativar competidores e visitantes atraídos pelo evento.
A Inspiraê Por Selma Brito levou para Costa Rica os produtos temáticos e outras produções. Como as peças são todas artesanais, o que a empresária também identificou que para agregar valor ao que faz ela precisava colocar nas prateleiras um pouco também de histórias sobre a tradição pantaneira e sobre as pessoas que trabalham no ateliê que fica em Rio Verde de MT. O resultado desse conjunto foi a venda de todo o estoque levado para um dia de evento, além de elogios e muitos contatos para futuros negócios.
“Foi uma experiência maravilhosa. Tudo que fizemos do Rally dos Sertões conseguimos vender. Nossa proposta foi bem aceita, superou nossa expectativa. Nós levamos produtos sobre o Rally dos Sertões e produções próprias. A gente não tinha ideia do que ia ser e acabamos vendendo tudo”, relembra a empresária. O espaço que Selma usou para expor seus produtos foi no Centro de Eventos Ramez Tebet (rua João Bispo de Carvalho, 1096-1162, na Vila Alvorada). O Sebrae montou uma base em Costa Rica para ajudar na promoção dos pequenos negócios locais durante o período da competição, além de promover concurso gastronômico, que ocorreu tanto com empresários de Costa Rica, como com bares e restaurantes de Campo Grande.
Como há competidores e staff de diferentes partes do Brasil durante o rally, o que Selma notou é que as pessoas que visitavam o espaço queriam descobrir o que estava por trás daquelas peças que apresentavam um colorido muito particular caracterizado pela faixa pantaneira. “A gente teve uma percepção que todas as pessoas que foram na barraca sobre o artesanato perguntavam muito sobre como era feito, ficaram curiosos para gente contar detalhes, histórias sobre o que representava aqueles produtos. Queriam saber sobre as experiências e quem são as pessoas que produzem”, descreve a empresária.
Altos e baixos
O ateliê de Selma passou por diferentes momentos ao longo de uma década. O negócio começou com ela sozinha e sem conhecimento técnico sobre organização administrativa. Quando chegou um momento que era talvez fechar ou repensar toda a proposta surgiu uma sócia para dar apoio. Ana Mirian Martos Brito, irmã do marido de Selma, propôs uma sociedade. Foi um novo tempo, que começou há cinco anos. “O Sebrae faz parte do Inspiraê desde sempre. Eu já tinha o ateliê há uns 10 anos, mas estava em uma situação bem difícil. Foi minha cunhada que fez oferta para entrar como sócia. Eu fazia tudo muito tumultuado no negócio. Conseguimos organizar depois que fizemos cursos do Sebrae, a gente ia para Campo Grande. Eu formalizei depois de consultoria. A minha sócia fez o Empretec para ajudar a organizar tudo”, detalha Selma.
Já em 2020, as empresárias perceberam que precisavam remodelar o negócio e passaram a testar produtos com a faixa pantaneira. Só que a pandemia fez os planos arrefecerem um pouco. Em 2021, com um novo ânimo, a proposta de unir a tradição pantaneira com os demais produtos ganhou força e só foi sendo aprimorado até os tempos atuais. “A gente pensava sobre o que fazer, depois entendi que isso ia virar (usar a faixa pantaneira) e as pessoas iam gostar. Com a pandemia, a gente precisou reciclar, pensar no que fazer e em 2021 voltamos a tecer e a inovar. Passamos a colocar a faixa em tudo, em camisetas. Temos muito prazer em fazer isso”, destaca Selma.
Espaço feito por pessoas
O ateliê passou também a ser um espaço não só de produção, mas também de inspiração e motivação para outras pessoas. Além de Selma, que trabalha na produção, e Ana Miriam, no administrativo, mais gente embarcou no projeto. As empresárias passaram a ter espaço para ensinar pessoas da cidade a fazer tear e nesse ritmo há uma aposentada do serviço público federal e uma adolescente de 17 anos. “Além do uso do produto, a gente entendeu que os produtos servem para ajudar outras pessoas”, conta Selma Brito.
Com uma loja na frente e o espaço de produção aos fundos, o ateliê conta com cinco equipamentos de tear e gera emprego direto para duas pessoas e outras três são terceirizadas. A demanda crescente tem exigido mais braços, mãos e carinho para produzir.
Para encarar novos desafios no negócio, as empresárias também procuram oportunidades, como por exemplo receberam a informação de uma amiga que a atriz Dira Paes (a Filó na novela Pantanal) estaria em Campo Grande para pegar voo. Fizeram uma produção especial de uma clutch e sapicuá para entregar para ela. Acabaram ganhando vídeos para as redes sociais e exposição do produto.
“Nosso próximo passo é tornar o negócio como destino turístico, alinhar algumas coisas. Teremos um grande evento em Rio Verde e pretendemos fazer algo muito organizado e bonito. Gostamos de fazer tudo muito bem-feito. Outra vontade que a gente tem é organizar melhor nossa rede social, inclusive vamos atrás do Sebrae para ajudar a gente”, projeta Selma.