Ações ligadas a governança a partir do Pró Pantanal vão permitir que produtos sejam certificados e tenham valor agregado para vendas nacional e internacional
A cadeia do mel em Mato Grosso do Sul recebe reforço para fortalecer os negócios que atuam no Pantanal com a estruturação da governança de entidade que atua na concessão do IG do Mel no território. Essa medida ainda vai auxiliar no processo de agregar valor e abertura de novos mercados para criadores de abelhas dessa região. O Sebrae/MS, por meio do Pró Pantanal, atuou neste segundo semestre de 2022 para aprimorar a governança e auxiliar empreendedores para reativar a Cofenal, que hoje é denominada Associação dos Apicultores Mel do Pantanal.
Desde 2015, o mel que é produzido no Pantanal tem condições de obter o selo de produto nacional com Indicação Geográfica (IG), registrado e emitido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Essa, inclusive, foi a primeira IG para mel conferida no Brasil. Para obter essa indicação, houve aprovação de seis projetos de pesquisa que permitiram estudos para identificar particularidades da apicultura pantaneira. Esses trabalhos foram elaborados pela Embrapa, CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul).
A analista técnica do Sebrae/MS, Katia Muller, explica que há um grande potencial de mercado para produtos que recebem o selo de origem, além da possibilidade de agregar valor para criadores de abelhas e toda a cadeia envolvida. Para garantir que a produção que existe atualmente tenha essa certificação era necessário que a entidade que detém o regulamento de produção da indicação de procedência estivesse ativa.
“A revitalização da Cofenal, associação gestora e guardiã da Identidade Geográfica de Denominação de Origem do Mel do Pantanal, irá projetar o mel do Pantanal no mercado, destacando suas peculiaridades, agregando, assim, valor ao produto e garantindo a credibilidade de algo que é produzido de modo sustentável, mantendo as características exclusivas de produtos de origem da planície pantaneira brasileira”, esclarece Katia Muller.
A sede da entidade fica em Aquidauana, mas seu alcance abrange toda a região do Pantanal, tanto em Mato Grosso do Sul, como em Mato Grosso. Conforme a certificação concedida, somente em MS os municípios envolvidos são: Coxim, Corumbá, Ladário, Rio Verde de MT, Porto Murtinho, Miranda, Aquidauana, Bodoquena e Sonora. Para MT estão incluídos: Poconé, Cáceres, Barão de Melgaço, Lambari d’Oeste, Nossa Senhora do Livramento, Itiquira e Santo Antônio do Leverger, conforme dados da Embrapa.
O atual presidente da Cofenal, Gilberto Adão dos Santos, cria abelhas há 20 anos, porém há quatro anos passou a atuar profissionalmente no setor. Ele detalha que a entidade estava paralisada desde 2012 e a retomada envolveu diferentes esforços. “O Sebrae foi decisivo para conseguir regularizar toda a situação. Foram três meses de trabalho para conseguir a reativação. Estamos em uma etapa de reconstrução, que não é fácil, mas olhamos para o médio prazo, acredito com resultados daqui a seis ou sete meses. O IG vai dar nome e valor ao produto”, projeta.
No processo de aprimoramento da governança da Cofenal, o Sebrae/MS concedeu orientação e aglutinou apicultores para fortalecer a entidade e viabilizar a retomada administrativa. Além do setor produtivo, houve também diálogo e apoio de outras entidades, como é o caso da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural). Ela tem agências em diferentes cidades localizadas no Pantanal.
As projeções de novos mercados e comércio valorizado tem atraído apicultores que atuam fora do território, mas vão dar início a atividades dentro do Pantanal. Há 30 anos nesse segmento, Adriano Adames de Souza indica que ter produto com certificação é referência para ter melhores vendas. Ele obteve, há cerca de um ano e meio, selo por atuar na preservação do tatu canastra na região de Jardim. O apicultor está estruturando-se para trabalhar no Pantanal e ter um novo posicionamento de sua marca.
“Com a certificação que recebi pela preservação do tatu canastra, isso agregou em torno de 20% no valor do mel que tenho. Acredito que o valor agregado para o mel do Pantanal pode chegar a 50%. É preciso buscar o cliente correto, chegar aos nichos desse produto e isso o Sebrae está nos auxiliando, porque o produtor não vai saber exatamente como comercializar. Estamos aprendendo muito”, reconhece.
Registro de origem
O selo de Identificação Geográfica (IG) é concedido para produtos que apresentam qualidade única por conta de características como tipo de solo, vegetação, clima, metodologia de trabalho. O Mel do Pantanal está aliado ao um sistema de produção altamente sustentável, que favorece o bioma e exige a necessidade de conservação. Para a produção do mel, as abelhas africanizadas (Apis mellifera) dependem de harmonia na natureza com relação a floradas e recursos vegetais.
O apicultor que segue para ter sua produção certificada precisa ter seu apiário registrado e georreferenciado oficialmente na Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), além de utilizar sistema de rastreabilidade da produção e seguir critérios e regras estabelecidos no Regulamento de Produção da Indicação de Procedência do Mel do Pantanal do Brasil, da Cofenal.
O Sebrae/MS atuou, no início das tratativas, para viabilizar o IG do Mel do Pantanal, ainda em 2008. Na época, a entidade, em trabalho conjunto com a Associação Leste Pantaneira de Apicultores (Alespana), encaminhou para o Sebrae Nacional o projeto, que auxiliou nos trâmites legais para a obtenção da certificação. As tratativas sobre esse selo tiveram início durante reuniões itinerantes da Câmara Setorial Consultiva de Apicultura de MS, em 20 de setembro de 2007, a partir de pesquisadores da Embrapa Pantanal e o setor produtivo.
Até se chegar na etapa atual da Indicação Geográfica, houve esforços aplicados para dar suporte aos apicultores do Senar/MS, Sindicato Rural de Corumbá, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Embrapa Pantanal e entidades que conglomeram criadores de abelhas no Estado.
Sobre o Pró Pantanal
O Pró Pantanal – Programa de Apoio à Recuperação Econômica do Bioma Pantanal tem atuação nos eixos do turismo, da economia criativa e do agronegócio existentes no Pantanal. O programa ainda tem apoio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Federação das Associações Empresariais de Mato Grosso do Sul (FAEMS), Instituto do Meio Ambiente de MS (Imasul) e Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro).
Para obter mais informações sobre o programa Pró Pantanal e suas ações, fale com o Sebrae, pelo número 0800 570 0800. Visite o site oficial do programa clicando aqui.