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Aposta no Ecoturismo: Oportunidades de negócio com o envelhecimento da população

Sylvia Yano, autora do blog Sentidos Do Viajar e coautora do podcast Viajantes Bem Vividas, compartilha experiências e insights no Inspira Ecoturismo em Bonito
Por Nayara Tiago
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O envelhecimento da população brasileira traz uma perspectiva promissora para o turismo: até 2030, os indivíduos com 60 anos ou mais representarão cerca de 46% dos brasileiros. Essa nova geração de idosos busca um estilo de vida ativo, com mais lazer, exploração e experiências enriquecedoras. Nesse contexto, o ecoturismo desponta como uma oportunidade de negócio em ascensão. Foi o que apontou Sylvia Yano, autora do blog Sentidos Do Viajar e coautora do podcast Viajantes Bem Vividas, nesta quarta-feira (17) durante o seminário Inspira Ecoturismo em Bonito (MS), um dos principais destinos de natureza do país.

Segundo Sylvia, o ecoturismo oferece aventuras, contato com a natureza e diversas experiências, atraindo não apenas os aventureiros, mas também aqueles que buscam estar em meio às paisagens naturais. “A pandemia reforçou ainda mais a importância de estar ao ar livre, conectado com o ambiente e apreciando a beleza ao nosso redor”, afirmou.

Com o passar dos anos, o perfil dos praticantes de ecoturismo tem passado por transformações significativas. Enquanto antes essa prática era comumente associada aos jovens e atletas, atualmente é possível observar uma presença cada vez mais marcante da geração prateada nesse cenário. Um número crescente de pessoas com mais de 60 anos está em ótimo estado físico, engajada em atividades físicas como ciclismo, frequentando academias e praticando musculação.

Sylvia Yano destaca essa mudança de características e perfis. Ela ressalta que a imagem tradicional de uma pessoa de 60 anos, que predominava há algumas décadas, é completamente diferente da realidade atual. “Enquanto as avós de antigamente dedicavam seu tempo a bordados em casa, muitas mulheres da terceira idade estão se aventurando em experiências de viagem. Elas participam de reuniões com amigas, viajam para teatros, cafés e estão ávidas por explorar novos lugares e viver experiências enriquecedoras”, ressaltou.

Além disso, há uma tendência crescente de mulheres que viajam sozinhas. “Também nesse nicho de mulheres que viajam sozinhas estão as mulheres 60 mais, tem muitas mulheres que estão experimentando viajar mesmo desacompanhada, não tem um companheiro, não tem uma amiga, não tem naquele momento alguém da família disponível e mesmo assim estão indo experimentar as belezas da vida”, ponderou.

Produtos mais adequados ao perfil 60+

De acordo com Sylvia Yano, é essencial que as empresas do setor de turismo diversifiquem suas atrações e considerem as diversas características desse público 60+. Ela ressalta a importância de criar produtos específicos para atender a esses perfis diversificados. “As empresas precisam pensar nas diversidades desse público 60+, que possui perfis diversos, assim como ocorre entre os adultos e os jovens. Além das atividades de aventura, é necessário criar alternativas, adaptar-se e oferecer novas possibilidades nos destinos, de forma a contemplar uma população maior dentro desse grupo de geração prateada diversificado”, argumentou.

Ela também destaca a necessidade de atender às necessidades específicas desse grupo. Para Sylvia, é essencial proporcionar condições adequadas para essa população, que pode apresentar baixa visibilidade, perda de audição e dificuldades de mobilidade. Aspectos práticos do dia a dia, como sentar no chão, pegar objetos no chão e sentar em bancos sem encosto, devem ser considerados no planejamento dos destinos e hospedagens.

Um dos principais desafios é fazer com que esse nicho de mercado se enxergue nos destinos de ecoturismo. Atualmente, não existem propagandas, divulgações ou panfletos que incluam pessoas da geração prateada. “É importante que os indivíduos com mais de 60 anos se vejam representados nos destinos, observando pessoas reais desfrutando do ecoturismo, inspirando-se e desejando fazer o mesmo. Esse é o primeiro desafio a ser superado”, comentou Sylvia Yano.

Além disso, o ecoturismo vai além dos benefícios comerciais e contribui de forma significativa para a inclusão social e a promoção da saúde. Ao adaptar seus destinos e serviços para receber a população 60+, as empresas não apenas impulsionam o crescimento de seus negócios, mas também oferecem uma contribuição social valiosa: “As empresas do setor estão desempenhando um papel importante ao promover a inclusão, a saúde e o envelhecimento ativo. Ao receber essa população, elas estão proporcionando uma experiência enriquecedora que contribui para um envelhecimento saudável e ativo”, concluiu.

Aproveitando as oportunidades de negócio

Sylvia Yano compartilhou algumas dicas e conselhos valiosos para empreendedores interessados em aproveitar as oportunidades de negócio no ecoturismo voltado para o envelhecimento da população. Ela ressalta a importância de construir uma visibilidade efetiva da geração prateada nos destinos de ecoturismo. “É fundamental que as pessoas idosas se enxerguem nos destinos. Se elas não se sentirem pertencentes àquele lugar, consciente ou inconscientemente, não buscarão aquele destino”, afirmou. Portanto, o primeiro desafio e investimento devem ser direcionados para a construção de uma imagem inclusiva que promova o sentimento de pertencimento desses viajantes mais experientes.

Outro ponto crucial é estabelecer uma relação de confiança com os viajantes mais experientes. Sylvia destaca que as pessoas acima de 60 anos tendem a buscar segurança e informações detalhadas antes de escolher um destino. Portanto, é essencial que os empreendimentos ouçam atentamente essa população, se comuniquem de maneira acolhedora, respeitosa e paciente, adaptando a linguagem e fornecendo informações relevantes e claras.

Além disso, Sylvia destaca a importância de incluir pessoas da terceira idade na equipe de trabalho. “Ter uma visão intergeracional na equipe é fundamental e enriquecedora. A diversidade da equipe, que inclui pessoas mais experientes, é essencial para criar estratégias, adaptar-se e desenvolver novas atividades no destino”, avaliou.

Outra estratégia sugerida por Sylvia é a colaboração com influenciadores digitais da geração prateada. “Esses influenciadores fazem a ponte entre o destino e o público da terceira idade. Ao trabalhar em conjunto, encurtamos o caminho. Facilitamos a comunicação com um público já selecionado, que faz parte de uma comunidade de seguidores. Estamos lidando com pessoas que pertencem à geração prateada e que falam a mesma linguagem”, ressalta Sylvia.

Mais informações aos empreendedores pelo portal do Polo, em ecoturismo.ms.sebrae.com.br ou por meio da Central de Relacionamento do Sebrae, no número 0800 570 0800.